sábado, 24 de maio de 2014

OS TRÊS CONSELHOS

Um casal de jovens recém casados, era muito pobre e vivia de favores num sítio do interior. Um dia o marido fez uma proposta à esposa.
-Querida vou sair de casa vou viajar para bem distante, arrumar um emprego e trabalhar até que eu tenha condições de voltar e dar a você uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe de casa, só peço uma coisa: que você me espere e enquanto eu estiver fora, seja fiel a mim que eu serei fiel a você.

Assim sendo o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudar em sua fazenda. Ele se ofereceu para trabalhar, e foi aceito. Sendo assim, ele propôs um pacto com patrão.
- Patrão eu peço só uma coisa ao senhor. Deixe-me trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir embora o senhor me dispensa das minhas obrigações. Não quero receber o meu salário. Quero que o senhor o coloque na poupança até o dia que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho.

Tudo combinado, aquele jovem trabalhou muito, sem férias e sem descanso. Depois de vinte anos ele chegou para seu patrão e lhe disse:
- Patrão eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para minha casa.
- Tudo bem, nós fizemos um pacto e vou cumprir, o que antes eu quero lhe fazer uma proposta. Curioso ele pergunta qual é a proposta e seu patrão lhe diz:
- Eu lhe dou todo o seu dinheiro e você vai embora ou lhe dou os três conselhos e não lhe dou o dinheiro e você vai embora. Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos e se lhe der os conselhos não lhe dou o dinheiro. Vai pro seu quarto, pensa e depois me dá a resposta.

O rapaz pensou durante dois dias, depois procurou o patrão e lhe disse:
- Eu quero os três conselhos
- Se eu lhe der os três conselhos eu não lhe dou o dinheiro
- Eu quero os três conselhos

O patrão então lhe falou:
1) "Nunca tome atalhos em sua vida, caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida".
2) "Nunca seja curioso para aquilo que é mal, pois a curiosidade para o mal pode ser mortal."
3) "Nunca tome decisões em momentos de ódio e de dor, pois você pode se arrepender e ser tarde demais".

Após os três conselhos o patrão disse ao rapaz que já não era tão jovem assim:
- Aqui estão os três pães, dois são para você comer durante a viajem e o terceiro é para comer com a sua esposa quando chegar em casa.
O rapaz seguiu o seu caminho de volta pra casa, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava. Andou durante o primeiro dia e encontrou um viajante que o cumprimentou e perguntou:
- Para onde você vai?
- Vou para um lugar`muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por esta estrada.
- Rapaz esse caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez vezes menor e você vai chegar em poucos dias.

O rapaz ficou contente e começou a seguir pelo atalho, quando lembrou-se do primeiro conselho do seu patrão:
"Nunca tome atalhos em sua vida, caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar as sua vida". Então voltou e seguiu o seu caminho. Dias depois ele soube que aquilo era uma emboscada.

Depois de alguns dias de viagem achou uma pensão na beira da estrada onde pode hospedar-se. De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor e muito barulho. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para sair. Quando lembrou do segundo conselho. "Nunca seja curioso para aquilo que é mal, pois a curisidade para o mal pode ser mortal". Voltou, deitou-se e dormiu. Ao amanhecer, após tomar um café, o dono da hospedagem lhe perguntou se ele não havia ouvido um grito e ele disse que sim.
-Então porque não foi ver o que era, não ficou curioso?
Ele disse que não. Então o hospedeiro lhe falou:
-Você foi o único que saiu vivo daqui, um gritou durante a noite e quando o hóspede saia ele matava.

O rapaz seguiu seu caminho e depois de muitos dias e noites de caminhada já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa. O dia estava escurecendo, mas ele pode ver que a sua esposa não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela tinha sentado no colo um homem a quem estava acariciando os cabelos.

 Ao ver aquela cena o seu coração se encheu de ódio e amargura e ele decidiu matar os dois sem piedade. Apressou os passos, quando se lembrou do terceiro conselho. "Nunca tome decisões em momentos de ódio e de dor, pois você pode se arrepender e ser tarde demais". Então ele parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo. Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele disse: - Não vou matar minha esposa nem seu amante vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que antes eu quero dizer para minha esposa que eu fui fiel a ela.

Dirigiu-se a porta e bateu. Ao abrir a porta a esposa o reconhece e atira ao seu pescoço e o abraça afetuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue, tamanha a felicidade dela. Então com lágrimas ele lhe diz:
- Eu fiel a você e você me traiu.
- Como? - ela ainda espantada diz: - Eu não lhe trai, o esperei durante esses vinte anos.
- E aquele homem que você estava acariciando ontem ao anoitecer?
- Aquele homem é nosso filho. Quando você foi embora eu descobri que estava grávida e hoje ele está com vinte anos de idade. Então ele conheceu e abraçou o seu filho, contou-lhes toda a história enquanto a esposa preparava o café e sentaram para tomar o café e comer o último pão. Após a oração de agradecimento e lágrimas de emoção ele parte o pão, e ao parti-lo, ali estava todo o seu dinheiro...